domingo, 26 de maio de 2013

Igrejas cheias, cabeças vazias


Com o inicio da campanha da fraternidade, ficou estampado nas pessoas e fiéis uma preocupação, mesmo que confusa, com a juventude na igreja. Mesmo que a preocupação da maioria na igreja seja com coisas relacionadas ao JMJ, ainda há alguns que tem a preocupação com a metodologia do trabalho com a Juventude, com o futuro da igreja, se preocupa com os jovens “lá fora”. Senti que nesse período (da campanha da fraternidade) muitos tem tido a preocupação em mostrar a Juventude da sua capela, muitos querem ver a igreja cheia de jovens, e a forma como atrair a juventude é o que menos importa para eles; outras vezes percebi que a Pastoral da Juventude é julgada como menos católica, ou menos cristão por alguns, pela razão da sua metodologia ir além do banco da igreja.

Iniciei uma leitura dos estudos da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) numero 93 “evangelização da Juventude – desafios e perspectivas pastorais” e compartilharei aqui algo relacionado à esse estudo.

No parágrafo 20 dos “Estudos da CNBB, número 93 Evangelização da Juventude- desafios e perspectivas pastorais” uma frase chamou a minha atenção, ela diz que devemos “resistir a tentação de reduzir ou manipular a mensagem do evangelho para ganhar adeptos”. Hoje como podemos constatar, nas esquinas de nosso bairro, a nossa realidade está repleta de igrejas neo pentecostais, que acima de tudo prega o imediatismo, curas, milagres, sucesso financeiro e outras muitas facilidades que atraem principalmente os mais simples; como vemos no parágrafo 22:
“O fenômeno religioso que mais chama a atenção, dentro desse novo contexto cultural centrado nas emoções, é o crescimento do neo pentecostalismo  que acentua a subjetividade e o elemento afetivo em sua metodologia de evangelização. Este fenômeno é mais visível pelo número de igrejas pentecostais que nascem a cada dia, principalmente nas periferias das grandes cidades. Com a diversificada oferta de escolha do sagrado, por parte do ‘consumidor’, a fé é regulada pelo mercado, de modo especial, pela TV.”

 Infelizmente a nossa Santa igreja Católica não escapa desta tendência, há movimentos em nossa igreja que distorcem a mensagem do evangelho, deixando de lado toda luta em defesa dos mais pobres, pregando uma Espiritualidade que faz questão em distanciar o fiel do mundo. A juventude também sofre com esta tendência, movimentos que ignoram as causas pastorais são preferências em nossa realidade, uma fé sem fundamentos, uma fé construída na areia que sufoca o trabalho pastoral. Com uma postura que visam apenas às emoções e ignoram a vida social da comunidade.

Se o jovem estiver voltado apenas para os problemas sociais é um erro, se fechar em uma fé que visa apenas o individual é um erro ainda maior, pois há um esvaziamento intelectual, e alguém que não conhecem os problemas sociais da sua realidade não pode exercer o compromisso transformador, tal como cristo nos ensinou; como nos aponta o texto:
“(...)Se a importância dada às emoções é positiva, sua absolutização leva ao esvaziamento intelectual compromisso transformador e da consciência crítica, leva à superficialidade à falta de perseverança, podendo facilmente conduzir ao fundamentalismo(...) ”

Não trata de desprezar alguma espiritualidade, devemos  exercer a espiritualidade, seja ela qual for, no meio social, com o objetivo de levar as ideias do reino de igualdade, tal como nosso Mestre e Senhor fez. Chega de distorcer as ideias do evangelho, chega de Igrejas cheias de cabeças vazias.
                                                                                                                           
Autor: Wélio Meireles 

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