Neste caminho, em preparação a JMJ no Panamá, em 2019
acompanhar-nos-á a Virgem Maria, Aquela que todas as gerações chamam
bem-aventurada (cf. Lc 1, 48). Na realidade, tenho a peito que vós, jovens,
possais caminhar, não só fazendo memória do passado, mas tendo também coragem
no presente e esperança no futuro. Estas atitudes, [estão] sempre vivas na
jovem Mulher de Nazaré.
Queridos jovens!
Maria é muito jovem;
aquilo que Lhe foi anunciado é um dom imenso, mas inclui também desafios muito
grandes; o Senhor garantiu-Lhe a sua presença e o seu apoio, mas há ainda
muitas coisas obscuras na sua mente e no seu coração. No entanto, Maria não Se
fecha em casa, não Se deixa paralisar pelo medo ou o orgulho.
Quando
o Senhor nos chama, não Se detém naquilo que somos ou no que fizemos. Pelo
contrário, no momento em que nos chama, Ele está a ver tudo aquilo que
poderemos fazer, todo o amor que somos capazes de desencadear.
O Magnificat, dá voz
ao louvor do seu povo, da sua história. Como Maria, pertencemos a um povo. A Igreja
traz consigo uma longa tradição, que se transmite de geração em geração,
enriquecendo-se ao mesmo tempo com a experiência de cada indivíduo. Também a
vossa história encontra o seu lugar dentro da história da Igreja.
Fazer memória do passado é útil também
para acolher as intervenções inéditas que Deus quer realizar em nós e através
de nós. E ajuda a abrir-nos para sermos escolhidos como seus instrumentos,
colaboradores dos seus projetos salvíficos. Também vós, jovens, podereis fazer
maravilhas, assumir responsabilidades enormes, se reconhecerdes a ação
misericordiosa e omnipotente de Deus na vossa vida.
Mas as nossas
recordações não devem ficar todas comprimidas, como na memória dum disco
rígido. Nem é possível arquivar tudo numa «nuvem» virtual. É preciso aprender a
fazer com que os factos do passado se tornem realidade dinâmica, refletindo
sobre ela e dela tirando lições e sentido para o nosso presente e futuro.
Muitos dizem que vós, jovens, sois desmemoriados e
superficiais. Não concordo de maneira alguma! Mas é preciso reconhecer que,
nestes nossos tempos, há necessidade de recuperar a capacidade de refletir
sobre a própria vida e projetá-la para o futuro. Na nossa vida, podemos ter
tantas recordações, mas delas… quantas constroem verdadeiramente a nossa
memória? Quantas são significativas para os nossos corações e ajudam a dar um
sentido à nossa existência? Não vos deixeis transviar por falsas imagens da realidade! Sede
protagonistas da vossa história, decidi o vosso futuro!
No fim de cada dia, podemos deter-nos alguns minutos a
lembrar dos momentos belos, os desafios, o que correu bem e o que correu mal.
Assim, diante de Deus e de nós mesmos, podemos manifestar os sentimentos de
gratidão, arrependimento e entrega, inclusivamente – se quiserdes. Isto significa
rezar na vida, com a vida e sobre a vida, e ajudar-vos-á certamente a perceber
melhor as maravilhas que o Senhor faz em favor de cada um de vós.
Saber fazer memória do passado não significa ser
nostálgicos ou ficar presos a um período determinado da história, mas saber
reconhecer as próprias origens, para voltar sempre ao essencial e lançar-se com
fidelidade criativa na construção de tempos novos.
Deus
veio ampliar os horizontes da nossa vida, em todas as direções. Ele ajuda-nos a
dar o devido valor ao passado, para melhor projetar um futuro de felicidade:
mas isto só é possível, se se viverem experiências autênticas de amor, que se
concretizam na descoberta da vocação do Senhor e na adesão a ela.
Queridos jovens, confio o nosso caminho rumo ao Panamá,
bem como o itinerário de preparação do próximo Sínodo dos Bispos, à materna
intercessão da Virgem Maria. Convido-vos a recordar os trezentos anos do achado
da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
A jovem de Nazaré, que em todo o
mundo assumiu mil rostos e nomes para Se tornar vizinha aos seus filhos,
interceda por cada um de nós e nos ajude a cantar as maravilhas que o Senhor
realiza em nós e através de nós.
Vaticano,
FRANCISCO
Link para carta completa: Mensagem do Papa para Jornada Mundial da Juventude
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