quinta-feira, 12 de julho de 2012

Unidade na Diversidade é só um "blá, blá, blá" pacificador

Bom, o diálogo a seguir aconteceu no Grupo do Facebook "Teologia da Libertação", que pode ser conferido no neste link.


 SOCOOORRROOOO!!! "UNIDADE NA DIVERSIDADE É SÓ UM BLA BLÁ BLÁ PACIFICADOR”

Honestamente sinto falta de uma discussão real sobre os rumos da Igreja e da vocação laical. As vezes produzimos uma imagem de que está melhorando, mas, na prática diária, não está. Priorizamos o discurso da "UNIDADE NA DIVERSIDADE", mas isso não existe, é só um "BLA BLÁ PACIFICADOR” que almeja colocar todos no mesmo "balaio de gato". Na vida real o que vemos é uma Igreja cada vez mais assumindo as praticas de um movimento, o da RCC - "Renovação Carismática Católica" nas liturgias, nas comunidades, áreas missionárias, nos movimentos e pastorais etc. E o interessante é que isso é tratado com muita naturalidade, como se toda a Igreja fosse obrigada a aceitar este negócio. Temos muitos motivos e elementos para nos preocupar, dentre eles o fundamentalismo religioso, a alienação religiosa e social, a dimensão reduzida do ecumenismo, a promoção dos pecados dos pobres, a promoção de um Jesus fantástico meio besta e ocioso preocupado apenas com a contagem de almas que vão para o céu e para o inferno, a exaltação do divino desencarnado deste mundo, e o pouco caso com os trabalhos pastorais. A dimensão do pastorear é outra, é “ad-intra” é fechada. Isso é terrível ! E pra completar o DESTROÇO, quando tocamos nestes assuntos somos tachados de REVOLTADOS! E o interlocutor, com a cara mais lambida do mundo nos diz: VOCÊ TEM QUE ACEITAR A DIVERSIDADE! Pelo amor de Deus! 
Infelizmente, lamentavelmente, os que pensam diferente, e os que não aceitam este “ELEFANTE BRANCO” que ai está, tem que viver na desigualdade mesmo, sem vantagem alguma, vista que as rádios e TVs são mantidas por eles, que acabam passando em grande alcance para a massa, uma visão pequena do cristianismo. 
Uma Igreja Pastora tendo que se entregar para as práticas da RCC é preocupante sim. Graças a Deus, aqui na nossa paroquia em Camocim-CE, o nosso Pároco Pe. Evaldo, junto com alguns leigos tem esta preocupação. Fico imaginando nas paroquias e dioceses onde seus pastores e leigos não são uma referência de contraposição e de engajamento pastoral.

Carlos Jardel- CEBs-CE

Samuel Osmari comentou:
Não tenho lido muito ultimamente e mesmo conversado muito sobre estes assuntos. Participei sim de um bom tempo onde apostei na caminhada das Cebs, gastando tempo, trabalho, dedicação, dinheiro e sapato como se diz. Mas aos poucos foi se vendo que o pesado submarino que é nossa Igreja foi virando de direção e vi que a vaca ia para o brejo com ou sem a minha vontade. Acontece que temos uma Igreja que não é criticada mais pelo que faz, mas sim mais pelo que deixa de fazer. Não tem mais uma mensagem interessante para a nossa sociedade civil, leiga. Internamente ela ainda pode sentir alguma satisfação. Herbert de Souza dizia uma vez uma coisa importante para enfrentar o capitalismo. Isto já há muitos anos passados. Dizia que o capitalismo norte-americano poderia se enfraquecer se acontecesse alguma coisa completamente excepcional para ele. E alguma coisa aconteceu, mas o dragão cria novas garras. Na Igreja católica também acho isso. Teria que acontecer algo muito mais forte dentro dela do que está acontecendo para repensar as metas do futuro.

Legal!! Eu também estou participando bem menos do que antes. A minha esposa está um pouco mais envolvida do que eu. Mesmo assim, com muitas ressalvas e procurando demarcar um campo de atuação que lhe permita não ser reduzida ao papel curto e estreito a que muita gente está submetida dentro da instituição.
Como prosseguir o cristianismo libertador no século XXI?
Não é fácil uma pessoa criativa, inquieta e sedenta de justiça viver em comunidade ou participar de coletivos. Quando me refiro a comunidade, tenho em mente desde a mais primária, a família, até aquelas ou aqueles coletivos dos quais participamos por nossa livre escolha.
O desafio para este tipo de pessoa é desenvolver, de forma individual, as potencialidades de um modo de pensar e viver de forma inquieta, criativa e indignada, sem se isolar da maioria que pensa e age de outra maneira.
De um ponto de vista mais amplo, há um outro desafio para grupos e instituições que têm por objetivo a construção de uma sociedade fundamentada nos ideais e práticas cristãs: Como conciliar a necessidade de uma ação coletiva e, ao mesmo tempo, resguardar o direito do indivíduo pensar e viver diferentemente?
Mas, qual a razão desta pergunta? Porque mesmo com tensões, e até desconfortos, um grupo coletivo ou instituição, caso saiba lidar com a “diferença”, cresce e se fortalece. Ao contrário, quando busca tolher ou até perseguir aqueles que pensam e agem “contra a corrente”, estes grupos ou instituições diminuem ou se enfraquecem.
Quando me refiro à diminuição ou enfraquecimento não penso em quantidade, mas nos aspectos qualitativos, ou seja, a criatividade, o respeito ao diferente, a inteligência critica, a solidariedade desinteressada, as relações sinceras e etc..
Em outras palavras, quando o indivíduo ou o grupo se fecha para a convivência com pessoas inquietas, criativas e indignadas se distancia da humanização que, mesmo parecendo um paradoxo, nos aproxima da divindade ou da vida em plenitude, como disse e quer Jesus Cristo, nosso irmão maior.
Faço esta reflexão por perceber um declínio do extraordinário crescimento humano e espiritual que muitos cristãos experimentaram durante a segunda metade do século XX, em que pese o grande número de fiéis que frequentam igrejas atualmente.
Já agora, no limiar do século XXI, entristece-me o fato de que cristãos tão pouco inquietos, criativo e indignados, ou “pobres de espírito”, tenham preconceito e persigam velada, ou diretamente, muitos cristãos inquietos, criativos e indignados .
Isto trará consequências funestas e lamentáveis a médio e longo prazo, repetindo um fenômeno característico do período pós revolução francesa durante o qual ser cristão, salvo honrosas exceções, era sinônimo de pessoa ou grupo ignorante, intolerante , incoerente, insensato, mórbido, pouco inteligente e criativo .

P.S.:
1 - O paradoxo maior é perceber nos evangelhos, após uma leitura mais atenta e contextualizada, que Jesus Cristo foi uma pessoa inquieta, criativa e sedenta de justiça e que a sua perseguição e morte deu-se exatamente por este motivo. Claro que esta opinião tem como base uma leitura mais atenta e contextualizada dos evangelhos. Quem fizer a leitura com menos atenção ao contexto cultural, social e político da época haverá de discordar.
2 - Quem quiser aprofundar os argumentos apresentados acima, sugiro a leitura dos livros do padre, teólogo e educador José Coblin e os de autoria de Marcelo Barros, monge, biblista, teólogo, ensaista, romancista, escritor e educador popular, como também os livros de Leonardo Boffe Frei Betto. Lamentavelmente Pe. Coblin faleceu em 2011.
3 - Pessoas inquietas, criativas e indignadas necessariamente não significa serem mal resolvidas, secas ou ásperas, chatas, impertinentes e etc.. Podem e devem ser inquietas, criativas e indignadas, mas, sem perder a ternura.

‎"Bla blá blá Pacificador". A opção preferencial pelos pobres, a qual o Objetivo Geral da nossa Igreja prega, está como as lamparinas acesas em baixo das camas. Hoje, alguns padres, acho que fizeram a opção pelas vestes, ostentam um luxo que muitas vezes não condiz com a realidade na qual estão trabalhando. E aí, eu tenho que aceitar a diversidade?



A Igreja vive um momento de decepção e de involução
Sexta-feira, 6 de julho de 2012 - 19h14min

O bispo emérito de São Félix do Araguaia, o claretiano catalão Pedro Casaldáliga, considera que “nossa Igreja vive um momento de decepção e de involução, de distâncias dolorosas entre a instituição e o povo”.
Numa entrevista, publicada no último número da revista interna dos missionários claretianos, "NUNC" (Nuntii de Universa Nostra Congregatione), o chamado "bispo dos pobres", uma das principais figuras da Teologia da Libertação, denuncia que na Igreja católica "falta proximidade nas estruturas e credibilidade".
"Em contrapartida - argumenta Casaldáliga - cresce uma fé adulta e corresponsável em muitos setores do laicato. Há uma liberdade de espírito, que pode ter seus excessos, mas que tem muito de vivência personalizada e comunitária, sinal dos tempos, seguimento de Jesus e abertura profética ao mundo de hoje".
Segundo o bispo catalão, "o ecumenismo e o macroecumenismo se estabelecerão", e adverte que na missão das Igrejas da América Latina "temos de assumir o despertar organizado dos povos originários de nossa afro-ameríndia".
Nascido em Balsareny (Barcelona), em 1928, Casaldáliga completou 84 anos e batalha contra o mal de Parkinson, mas continua "com a opção pelos pobres, como grande motivação de minha vida".
Casaldáliga se define como "um missionário claretiano, que reconhece ter falhado muito como membro da Congregação, a quem devo quase tudo".
"Agora, procuro aceitar com humor esperançado as limitações que o Parkinson me impõe e a solicitude daqueles que me acompanham", explica o bispo da libertação, que dedica mais horas para meditar, receber visitas e escrever algumas mensagens, enquanto recomenda à Igreja que assuma "de cheio o desafio dos meios de comunicação".

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