quinta-feira, 12 de julho de 2012

Porque sou PJoteiro


Caminhei por vários anos atrás dos meus sonhos. Busquei tudo aquilo que aprendi na Igreja, nos 10 anos de catequese, nas partilhas, nos encontrões, nos grupos e pastorais que passei. Sabe quando você sente um vazio, como se não tivesse almoçado por vários dias? Não adianta o que você faça, aquele vazio não passa e fica cada vez pior, querendo sair como um grito de socorro, ou um grito de angústia. É, amigo(a), vivi isso intensamente por muito tempo. Eu queria me formar, conhecer mais, ajudar, ser conhecido, reconhecido e amado. Eu queria ver meus melhores amigos compartilhando de tudo o que sou. Queria viver com meus melhores todos os dias a todo tempo. Queria um amor para sempre, uma família perfeita, filhos exemplares. Um emprego que me trouxesse muito dinheiro e comodidade. Queria, portanto, ganhar na megassena e viver dos juros que o prêmio renderia. E quem não quer?
Nos espaços que participei, em busca de amigos que sonhavam o mesmo que eu, em busca de pessoas capazes de abdicarem de si mesmas para que todos chegassem juntos, num lugar melhor; conheci pessoas injustas, interesseiras, corruptas. Ver seus sonhos sendo manipulados por terceiros é a porta de entrada para a depressão. Presenciar "boas intenções" se transformarem em jogadas políticas que envolvem seus ideias, é o mesmo que morrer afogado. Sufocado pelo sistema e revoltado com tudo isso.
Mas acreditar que tudo irá mudar e não fazer nada para que isso aconteça, é o mesmo que não existir. É melhor acreditar que não vai mudar, mas fazer por consciência própria. Voltei para minha casa e encontrei jovens desorientados, mas com uma vontade inesgotável de mudar. Mostrei para eles que o espaço negado quase nunca era nossa culpa, mas antipatia dos outros; dos que se acham donos da minha casa, dos que pensam em si primeiro, em si depois e em si de novo; antes de dar oportunidade aos corajosos.
O caminho foi árduo, caí várias vezes, morri junto com o grupo que participava; acolhi as orientações dos que se tornariam determinantes no meu levantar e segui em frente.
Depois de tantos anseios saciados, posso afirmar que minha família é muito grande para caber em meu coração.
Compartilhar cada momento com os protagonistas da sua própria história, ajudando-os a construir um mundo melhor, pegando água com nosso bico e tentando apagar o fogo, fazendo o quanto podemos, a nossa missão; é o que amo fazer.
Ser jovem, membro da Pastoral da Juventude Salvador é pensar em todos os jovens marginalizados, pobres, violentados, exterminados, usados pelo tráfico, os que não têm uma escola digna, os manipulados pelas mídias, os que não se preocupam com os outros, os que não acolhem, ou não conhecem o Evangelho, os excluídos por essa sociedade que todos fazemos parte e concordamos com tudo isso. É pensar em todos eles, antes de nós mesmos.
É deixar família, festas, encontros; é deixar a comodidade para trás e sair em missão, seja lá onde for, para quem for, anunciar que alguém, um dia, veio mudar o mundo e nos deu essa obrigação. É isso!

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